Shirley Krenak

Pertence ao povo indígena Krenak do leste de Minas Gerais, Brasil. Formada em Jornalismo, publicidade e propaganda, atua na defesa dos direitos indígenas e dos rios sagrados contra a mineração. É escritora indígena, com livros publicados: “A onça protetora” e “Cartilha Krenak”. É coordenadora pedagógica de cursos de extensão voltada para a história indígena do Brasil, desenvolvido em parceria com Núcleo de Agroecologia da Universidade Federal de Juiz de Fora – Campus Governador Valadares. Desenvolve trabalhos terapêuticos ancestrais voltados para a cura e para o despertar do ser humano. É professora atuando em parceria com escolas públicas e privadas da região, assim como as universidades e Centro Sócioeducativos. Atualmente está coordenando a construção do “Instituto Shirley Djukurnã Krenak”.

Interview with Shirley Krenak - Elder Krenak People and Nubia Rodriguez - Doula and Elder Raices de La Tierra Recorded during Kiva Holland - August 2019

O Instituto Shirley Djukurnã Krenak é uma entidade de fomento ao etno-desenvolvimento e educação indígena nas escolas e entidades não indígenas, assim como conscientização dos valores culturais de um bem comum, com os seguintes objetivos: Promover atividades de educação socioambiental e ações na recuperação da biodiversidade; Promover e desenvolver atividades agroecológicas que visem o bem-estar da sociedade; Promover e desenvolver atividades terapêuticas populares e tradicionais; Mobilizar recursos oficiais, subvenções, e de particulares procurando incentivar o trabalho comunitário; Estimular e desenvolver projetos educacionais e culturais voltados para sociedade não indígena.

Atividades desenvolvidas por Shirley:

Em 2019 muitas foram as atividades desenvolvidas e projetos construídos na incansável jornada de conscientizar os não-indígenas sobre a importância da mãe-terra e do meio ambiente, tais como:

a) Projeto Ererré

Esse projeto é desenvolvido em parceira com a Escola Imaculada Conceição, localizada no município de Governador Valadares (MG), desenvolvido ao longo de 5 anos. Se trata de uma proposta de aprendizagem dentro do mundo cultural indígena, uma forma de discutir junto aos jovens e crianças dos espaços que venham aceitar as propostas do projeto que se pauta na necessidade de se pensar as diferenças, a falta de troca e o individualismo exacerbado, colocando os meninos para produzir os próprios instrumentos que depois irão manusear. Mostrar como os povos indígenas podem contribuir para com a sociedade não-indígena na questão da educação, trabalhando temas importantes de como os povos indígenas respeitam os mais velhos, as crianças, o meio ambiente entre entre outros temas que fazem parte do nosso dia a dia. Em resumo, temos como núcleo temático a questão educacional por meio da cultura indígena de Minas Gerais.

b) Projeto a terra cura desenvolvido no Centro Socioeducativo São Francisco de Assis

As atividades de cura pela mãe terra, chamado que Shirley carrega, chegou no ano de 2019 ao Centro Socioeducativo São Francisco de Assis, onde os jovens em conflito com a lei cumprem medidas socioeducativas. No centro socioeducativo, as atividades desenvolvidas passam por mesas de conversa sobre a cultura e história indígena, assim como a exibição de vídeos sobre povos indígenas para que as pessoas envolvidas no projeto possam conhecer a riqueza e importância da cultura dos povos indígenas. A partir da compreensão das atividades desenvolvidas, esperamos que os jovens se envolvam e interajam uns com os outros num processo coletivo de amplitude não só interna da instituição, mas sim externa para com as famílias dos envolvidos no projeto. Através deste projeto vamos poder mostrar que as diferenças são o que fazem do Brasil uma grande nação e o que caracteriza o povo brasileiro. As diferenças culturais são, portanto, inestimável patrimônio de uma sociedade, devendo ser respeitadas e incentivadas por todos. Esses são os objetivos. O projeto se baseia numa relação de troca entre Shirley Djukurnã Krenak e os jovens em conflito com a lei, onde ao final de cada encontro os meninos escrevem nos cadernos os anseios e desejos. A partir desses relatos, os novos encontros são preparados e por Shirley e seus companheiros.

c) Projeto horta medicinal na “Cidade dos Meninos”

A “cidade dos meninos” é um orfanato localizado na cidade de Governador Valadares, (MG) que acolhe crianças rejeitadas pela sociedade. Nesse espaço, as crianças são encaminhas por intermédio do Conselho Tutelar e, em sua maioria, são vítimas de maus-tratos, violência, prostituição, alcoolismo e abuso sexual. Shirley Djukurnã e seus companheiros iniciaram as atividades em 2019, construindo ações que possam amenizar os problemas que as crianças sofreram e ainda sofrem. Uma dessas ações é trabalhar diretamente com a terra, pois os povos indígenas acreditam que os trabalhos desenvolvidos com a terra têm o poder de curar os danos psicológicos e morais sofridos. Todo o processo de elaboração da atividade voltada para o manuseio da terra se concentra também na compreensão do saber sobre a importância das plantas medicinais e dos conhecimentos tradicionais relacionados. Como se pode ver nas imagens abaixo, as crianças participam na construção de hortas medicinais e outras atividades relacionadas a esse contexto como a exibição de filmes, desenvolvimento de pinturas relacionadas ao valor tradicional de cada planta, produção de mudas etc.

d) Projeto Cultura e História dos Povos Indígenas de Minas Gerais

Esse projeto surge de uma parceria realiza com o Núcleo de Agroecologia da Universidade Federal de Juiz de Fora – Campus Governador Valadares. Desenvolvido desde 2017, tem o objetivo de levar a história dos povos do indígena do Vale do rio Doce para os espaços acadêmicos e institucionais, proporcionando uma troca de saberes e conhecimentos acerca da realidade de cada povo indígena existente na região. Shirley é coordenadora e atuante pedagógica desse evento e desenvolve atividades organizando aulas onde os próprios indígenas contam sua história, rituais e práticas tradicionais. O espaço utilizado é a sala de aula da universidade pública, contando com participação de alunos de diversas áreas, assim como professores interessados.

Junte-se a nós

Gostaríamos muito de receber suas contribuições, ideias e trabalho para se juntar a nós nesta caminhada!

 Estamos trabalhando para colocar no ar as mais diversas produções de mulheres indígenas e nosso objetivo é ter uma periodicidade semestral, sendo o primeiro volume em abril e o segundo em outubro. 

Confira abaixo algumas recomendações para participar. Estamos abertos para novos formatos e ideias, então fique à vontade para nos dar outros caminhos que possamos percorrer e aprender juntas.